A gordura epicárdica (GE) é um depósito de gordura visceral, localizado entre o coração e o pericárdio, que compartilha muitas das propriedades fisiopatológicas dos demais depósitos de gordura visceral, mas com potenciais efeitos locais diretos no processo inflamatório e aterosclerótico coronariano. Ecocardiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética têm sido utilizadas para avaliar a GE, mas variações entre as metodologias limitam a comparabilidade entre elas. Realizamos uma revisão sistemática da literatura e encontramos associações de GE com síndrome metabólica e doença arterial coronariana. A quantificação dessas associações é limitada pela grande heterogeneidade dos métodos utilizados e das populações estudadas, sendo a maior parte dos sujeitos com alto risco para doença cardiovascular. A GE também está associada com outros fatores conhecidos, tais como, obesidade, diabetes mellitus, idade e hipertensão, o que dificulta interpretar seu papel independente como marcador de risco. Baseado nesses dados, concluímos que a GE é um depósito de gordura visceral com potencial implicação na doença arterial coronariana. Descrevemos os valores de referência da GE nos diferentes métodos de imagem, ainda que os mesmos não estejam validados para emprego clínico. Ainda é necessário melhor definir os valores de referência normais e o risco associado à GE, para então definir sua utilidade na avaliação de risco cardiovascular e metabólico em relação aos outros critérios atualmente empregados.
Epicardial fat (EF) is a visceral fat deposit, located between the heart and the pericardium, which shares many of the pathophysiological properties of other visceral fat deposits, It also potentially causes local inflammation and likely has direct effects on coronary atherosclerosis. Echocardiography, computed tomography and magnetic resonance imaging have been used to evaluate EF, but variations between methodologies limit the comparability between these modalities. We performed a systematic review of the literature finding associations of EF with metabolic syndrome and coronary artery disease. The summarization of these associations is limited by the heterogeneity of the methods used and the populations studied, where most of the subjects were at high cardiovascular disease risk. EF is also associated with other known factors, such as obesity, diabetes mellitus, age and hypertension, which makes the interpretation of its role as an independent risk marker intricate. Based on these data, we conclude that EF is a visceral fat deposit with potential implications in coronary artery disease. We describe the reference values of EF for the different imaging modalities, even though these have not yet been validated for clinical use. It is still necessary to better define normal reference values and the risk associated with EF to further evaluate its role in cardiovascular and metabolic risk assessment in relation to other criteria currently used.